Olá, querido(as) leitor(as).

Hoje a temática que gostaria de abordar aqui nesta minha coluna mensal está estritamente relacionada ao poder da “escuta”, então já me adianto dizendo que, se você está lendo este meu artigo, sou imensamente grata por você estar me “ouvindo”. E para tanto, trago não só poesia mas também um texto/desabafo, que escrevi recentemente, falando exatamente o quanto é difícil fazer-se ouvida em um momento de intenso disparo de informações:

Desabafo

As pessoas não me escutam, simplesmente não me escutam. Daí eu escrevo. Não sei se elas me leem. Na dúvida ponho uma foto junto. Às vezes só veem a foto. Eu saio pra papear e as pessoas só falam delas, eu as escuto. Qdo quero contar algo, elas não tem paciência e voltam a falar delas. Eu as escuto. É importante o que elas estão falando. Eu gosto de ouvi-las. Minha mãe não me escuta. Eu conto as coisas, ela continua a falar. Eu disse a ela que daria uma entrevista pra CBN. Ela perguntou se o meu filho Davi estava bem. As pessoas não me escutam. Será que me leem? Será que me veem? Eu disse a um amigo, dias atrás, que não estava bem e precisava de ajuda, ele não me respondeu. Três dias depois ele me perguntou se eu estava bem. As pessoas não me escutam. Será que as pessoas tb não me leem? Será que tb não me veem? Eu disse a uma feminista na Bienal que meu livro era sobre feminismo e empoderamento feminino, ela balançou afirmativamente a cabeça e foi olhar um livro de haicais lindo de um amigo meu. Será que as pessoas não me escutam? Será que as pessoas não me veem? Será que as pessoas não me leem? Será que eu não me escuto? Será que eu não me vejo? Será que eu não aceito o que na realidade sinto e simplesmente escondo tudo o que de verdade estou sentindo pq tem coisa que não me é permitido sentir? Mas daí eu escrevo. E leio o que escrevo. Só não sei se escrevo tudo, mas sei que leio tudo o que escrevo.

Escuta

Nestas horas de escuta
Meu olhar carrega o teu
Atenção absoluta
Algo em ti me entorpeceu
Entender a tua luta
Hoje me fortaleceu.

Agradeço imensamente (e mais uma vez) pela leitura/escuta! Um grande abraço e até o nosso próximo encontro.

Graziela Barduco.

Graziela Barduco