A vida costumava ser sórdida, quando eu me depara com os atropelos constantes do dia a dia, que, para baixo, insistiam em me arrastar. Nos últimos dias eu estava simplesmente buscando um assunto qualquer, sobre o qual eu pudesse escrever neste artigo, desta minha coluna que é de denúncia, desabafo, desafogo e alívio das mazelas da vida, bem como um espaço para colocar as dores em palavras, em busca da cura através da poesia. Porém, pela primeira vez na vida, eu não tenho absolutamente nada do que reclamar. E é tão, mas tão estranho e surreal estar bem e feliz, que é algo que chega a me incomodar (pronto, achei do que reclamar), mas é simplesmente bizarro não estarmos preparados para a chegada de uma vida plena, embora seja para isso que batalhamos desde que começamos a respirar.
Acredito que a maturidade está aos poucos me trazendo a calma da qual eu precisava para não me desesperar. O ritmo da respiração que eu precisava para não ter crises de pânico. O desapego pelo que é supérfluo, ou fora do meu controle, que eu precisa para permitir-me não deprimir. E claro! Os anos de terapia tão necessarios para que eu pudesse finalmente aprender a lidar com minhas fraquezas, falhas e vulnerabilidades. E assim é a vida. Assim está a vida. Assim gira a vida. De modo que, as voltas que ela dá, uma hora passam a nos embalar, nos trazendo paz e serenidade para, cada qual, em frente continuar.
E bora de poesia!
Adentrei com intensidade
Sob a luz de outra estrada
Pois pensei, tão desastrada
Que pra mim pesou a idade
Mas descubro a habilidade
De sentir-me desprendida
Quando o fim virou partida
Pra diversos recomeços
Sem temer tantos tropeços
Para assim gozar a vida.
Feliz 2025!
Com carinho,
Graziela Barduco