Depois de anos e anos de psicoterapia, análise, e autoanálise, duas questões-chaves passaram a permear meus pensamentos:
Por que temos o costume de carregar o eterno fardo da inadequação, da falta de encaixe, do sentir-se deslocado, se tal questionamento, em verdade, diz muito mais à respeito do meio no qual vivemos e não sobre nós mesmos, meio esse que tenta promover uma constante homogeneização, sem esforços para buscar enxergar as sutilezas, particularidades e peculiaridades de cada indivíduo?
E sobre a tristeza de sentir-se o tempo todo desagradando o outro, ou simplesmente não agrando esse outro: por que tal situação nos pesa demais, se isso, na realidade, diz muito mais sobre o outro em questão e não sobre nós mesmos?
Partindo de tais indagações, preciso, a priori, apontar o fato de que é sabido que somos seres falhos e permeados por incongruências, e isso é intrínseco ao ser humano.
No entanto, atribuir para si todo e qualquer fracasso detectado, anistiando o contexto histórico e cultural no qual estamos inseridos, bem como o “outro” das relações interpessoais, ou seja, aquele com os quais nos relacionamos, é base e estofo para qualquer teoria de autofragilidade, baixa autoestima e autoinadequação, dentre outras características as quais permeiam as moléstias psicológicas que nos rondam com afinco, na penosa contemporaneidade.
Dessa forma, através dessa micro reflexão, fica aqui o alerta-proposição: vençamos, com discernimento e prudência, tais barreiras provedoras da autossabotagem, que incessantemente nos coibem a fruição de uma vida plena e, sobretudo, sem amarras coibidoras.
E bora de poesia:
Alma que Escorrega
Cavando, a procura da tal razão
Nem senti a alma me escorregar
Não sei bem o que queria provar
E no poço fundo, fui de encontrão
Sabendo que estava na contramão
Ali, reergui na luz do horizonte
Mesmo sabendo que estava defronte
Daquilo que outrora fora loucura
Porém, ainda assim, eu tinha estrutura
Pra não querer mais pular dessa ponte.
Com carinho,
Graziela Barduco.