Olá queridos (as) leitores (as)!
Aproveitando que hoje, dia 8 de outubro, se comemora o Dia do Nordestino, resolvi escrever o artigo deste mês para expressar o meu profundo amor, respeito e gratidão ao povo nordestino, a quem devo tudo o que hoje sou, já que minha pesquisa tanto de estudo, quanto de trabalho e também de vida gira em torno da cultura popular brasileira, com total ênfase nas manifestações populares da região nordeste do país.
Gostaria de tirar um tempinho para contar a vocês como na realidade foi se desenhando esse profundo amor que nutro pela diversidade cultural advinda do nosso povo nordestino. Costumo dizer que foi em 2018, quando estava no Cariri para uma pesquisa de campo para o meu mestrado e para um simpósio na Escola de Saberes de Barbalha, que atendi ao “chamado”. “Chamado” este que me fez mergulhar cada vez mais em todas as riquezas e belezas artísticas encontradas no nosso nordeste.
Era uma manhã de sol, daqueles de rachar a cuca, e estava eu, sentada na Topic das 10:30, que peguei próximo a prefeitura, indo de Juazeiro do Norte a Barbalha, para a abertura do simpósio que lá aconteceria nas próximas horas.
Era meu quinto dia no Cariri e eu já havia visitado o santuário de Padre Cícero, pedindo que ele abençoasse minha pesquisa de mestrado e agradecendo por todas as inspirações surgidas em minha mente e coração.
Eu olhei pela janela, um tanto embaçada pela poeira, o que fazia com que eu tivesse uma espécie de olhar onírico para com a realidade, e foi então que veio à minha cabeça, assim de supetão, o título/tema/ideia/argumento daquilo que se tornaria o meu espetáculo de conclusão de meu mestrado e posteriormente meu primeiro livro infantil. Isso me chegou sorrateiro, porém efetivo, e me veio no formato do seguinte mote, que ecoou em minha cabeça: “a menina e o pé”.
Passei a mão em minhas anotações e assim escrevi as seguintes informações: “uma linda amizade entre uma menina e o seu pé – lembrar do paralelo com a importância dos pés nas danças tradicionais brasileiras, e quem sabe abordar também o elemento chulé”. E foi com esta inspiração lá aflorada, bem como com a criatividade mais despontada que retornei a São Paulo, sentindo-me pronta para adentrar de forma intensa e com muito empenho na parte prática de minha pesquisa.
Nesses dias que passei lá, imersa em toda aquela atmosfera tão sublime, foi poesia em mim aflorando dos pés a cabeça + meu primeiro livro, o “Na Rima da Menina” que começou a se desenhar, mesmo sem que eu me desse conta disso + surgimento do meu “A Menina e o Pé”, que me surgiu tão magicamente + tanto encanto tocando-me na essência, devolvendo-me depois a esta dura terra que hoje habito (SP) com a alma totalmente transformada.
Gostaria ainda de terminar a postagem com um poema que surgiu-me em uma outra imersão que fiz, em outra parte do nordeste, desta vez no sertão de Pernambuco, em meio a um festival de poesia em São José do Egito, mas esta história fica para um próximo artigo.
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Das efêmeras asas em mim latentes
Que brotaram em passagem pelo sertão
Vislumbrando alçar meu voo na solidão
Pra soltar o traforismo das serpentes
Quis enfrentar o não com unhas e dentes
Pra desprender da minh’alma estilhaçada
Da loucura ardente outrora guardada
Meus breves momentos de cor tão soturna
Agravaram-se em mim na visão noturna
Pra no raiar da vez sumir pela estrada.
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Viva o Nordeste, viva o povo nordestino!
Um grande abraço e até nosso próximo encontro,
Graziela Barduco

Graziela Barduco