O Coletivo Teodoras do Cordel tem como um dos seus propósitos, ampliar e promover a produção feminina cordelística nas mais variadas frentes da nossa cultura.

Seguem abaixo, dicas poéticas da cordelista Benedita De Lazari, pioneira do cordel feminino no Estado de São Paulo, autora da obra Escola de Poetas e integrante do nosso coletivo. Boa leitura!

METRIFICAÇÃO:
A metrificação é o estudo da medida dos versos do poema. A contagem das sílabas poéticas é diferente da contagem da gramatical. Na poesia, contamos as sílabas sonoras: em cada verso, somente até a última sílaba tônica.
E não contamos as sílabas que sobram depois da última tônica.

Exemplos:
Verso de sete sílabas.
De beleza e sentimento:
(De/ be/ le/ zae/ sen/ ti/ men).
Paramos no: men (última tônica).
Verso decassílabo (10 sílabas):
Cantando esse martelo a galopado:
(Can/ tan/ doe/ sse/ mar/ te/ loa/ ga/ lo/ pa).
Paramos no: pa (última tônica).
O verso decassílabo tem a métrica e o rítmo. O rítmo é marcado por sílaba tônica. Está na: segunda, sexta e décima sílabas.

Nas modalidades de literatura de cordel, a métrica deve ser rigorosamente observada.
Para facilitar a contagem das sílabas ( nas estrofes das histórias de cordel), podemos fazer a revisão cantando os versos e ouvindo a sonoridade ( com atenção).

QUADRA
Estrofe de quatro versos com versos de sete sílabas. Esquema de rima: XAXA. Utilizamos a quadra para escrever: conto infantil, cantiga de roda, fábulas, e poemas (lírico, infantil, ecológico). E até letra de música. Temos bons exemplos nos poetas: Gonçalves Dias, Castro Alves, Fagundes Varela e muitos outros poetas e poetisas.

SEXTILHA
Estrofe de seis (6) versos, com versos de sete (7) sílabas. Temos dois esquemas de rima para sextilhas.
Esquema de rima (clássico): AABCCB – para escrever pequenos poemas. Esquema de rima (popular): XAXAXA – para escrever histórias longas. Utilizado na literatura de cordel.
A letra X: é o verso sem rima.
E a letra A: é o verso da primeira rima.
Precisamos do verso X para versejar fluentemente, nas histórias longas.

SEPTILHAS
Estrofe de sete versos com versos de sete sílabas. Temos vários esquemas de rima. Exemplos: ABBAACC (Padre José de Anchieta) e (Luís de Camões). XABABBA (Castro Alves), ABBACBC (Luís Gama), XAABBCC (Lino Guedes), ABBACAC (José Bonifácio).

Todos em pequenos poemas. XAXABBA (Leandro Gomes de Barros, e outros poetas), esquema de rima padronizado na literatura de cordel). Precisamos do verso: X (sem rima), para versejar fluentemente e contar uma história longa. X: verso que não tem rima. A: verso da primeira rima. B: verso da segunda rima. Utilizamos a septilha nas biografias infanto-juvenil, histórias longas e pequenos poemas. A estrofe com duas rimas tem mais movimento, é dinâmica. Podemos utilizar a septilha nas histórias infantis e juvenis, biografias e pequenos poemas. A estrofe com duas rimas tem mais movimento.

MARTELO
O martelo (regional do nordeste): é estrofe de 12 versos, e versos de 7 sílabas.
Esquema de rima: AABBCCDDEEFF —
Os versos são rimados dois a dois. O ritmo lembra a batida de um martelo. O tema pode ser: social, cultural, político, religioso, ou satírico. Essa modalidade aceita qualquer tema.

Estrofes em martelo, são muito utilizadas por repentistas, nas cantorias de viola e violão, mas muitas vezes acompanhado apenas pelo pandeiro (com versos de improviso).

Mote:
No martelo, utilizamos um “mote” nos dois ultimos versos (11 e 12) de cada estrofe.
O mote é uma frase escolhida pelo poeta escritor, ou sugerida pela platéia do repentista (poeta cantador).

Variantes regionais:
Existem outras modalidades (que são variantes do martelo e da décima clássica).

GRINALDA DE TROVAS
A grinalda de trovas é um poema composto por 10 trovas entrelaçadas uma na outra, fazendo as voltas da grinalda.
As 10 trovas desenvolve o mesmo, tema com introdução enredo e conclusão. Para fechar a grinalda, voltamos no primeiro verso da primeira estrofe. O esquema de rima é progressivo. Começa com ABAB, e vai até a décima letra do alfabeto.

A grinalda de trovas é um poema nobre. Lembrando a grinalda da rainha, da princesa e da noiva.
A grinalda tradicional (antigamente), era feita de ouro, prata ou diamante. Por isso na grinalda, versejamos em linguavem culta e sentimentos nobres

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