Lençóis, na Bahia, mudou minha vida!
Foi lá que conheci pessoas maravilhosas, que me acolheram de uma forma como poucas vezes tinha sido acolhida. Foi lá que conheci grandes mestres e mestras do Cordel, sempre tão generosos, inspiradores e gentis. Foi lá que tomei coragem e decidi por fim que queria SIM fazer meu doutorado, ao ouvir palestras de pessoas tão incríveis e apaixonadas por aquilo que fazem. Foi lá que escrevi meus folhetos de Cordel mais recentes! E foi lá que vivi intensos e lindos momentos felizes!
Para chegar na Chapada Diamantina, saindo de São Paulo peguei um voo até Belo.Horizonte , e de lá, peguei um outro voo num aviãozinho assim pequenino, que até parecia de brinquedo.
Era o chamado modelo ATR-72-50, tipo peculiar de aeronave, que até então eu desconhecia completamente.
Me lembro que mandei uma foto que tirei desse avião, na pista de pouso, para meu irmão, e ele comentou comigo que, na ocasião, havia voado nesse mesmo modelo, no dia anterior, na Itália.
Enfim, a viagem nesse avião foi ótima, como bem pode-se observar na fotografia, que é do final de abril desse ano, que acompanha este artigo,
No entanto, no final de julho, eu estava em Juquehy, quando acordei desesperada, porque havia tido um pesadelo tenebroso, com uma aeronave como essa, na qual havia voado meses atrás.
No sonho, eu não estava nela, estava em uma estrada pequena, dentro de um carro, com João ao volante, e estávamos sem Davi.
E então um avião, que sobrevoava a região que estávamos, começou a cair exatamente como caiu aquele avião envolvido no desastre da Voepass, no início de agosto, fazendo exatamente a mesma movimentação. A mesmíssima movimentação! E começou a cair num local como o que o avião desse triste episódio com Voepass caiu…
Eu estava dentro do carro, olhando em desespero a cena, ao lado do local onde ele caia. Esse carro estava em uma estrada que levava ao local que, assistindo ao noticiário no dia do desastre, pude, atônita perceber, que era exatamente como o local onde se encontra esse condomínio, no qual o avião da Voepass caiu.
Detalhe: eu nunca estive lá.
No sonho, eu estava realmente em pânico e gritava que os escombros iriam cair sobre o nosso carro, e quando tudo de fato começava a cair perto da gente, eu acordei simplesmente desnorteada.
Ao perceber que era um sonho, me acalmei e aos poucos fui ficando tranquila, pois, a vida inteira, tudo que sonhei, sempre aconteceu ao contrário.
Mas misteriosamente dessa vez foi diferente. Infelizmente….
Foi como se de fato eu estivesse lá e tivesse vivenciado tudo em sonho, antes da história catastrofica acontecer, algumas semanas antes de tudo se suceder.
Como pode?
Acho que nunca vou saber…
Enfim, escrevo porque hoje me lembrei do ocorrido, ao ler no jornal uma matéria sobre as caixas pretas do avião da Voepass que caiu, e escrevo também acho que pra tentar exorciza todo esse sentimento ruim que focou em mim.
No mais, escrevo também porque estou em um voo, voltando pra casa.
Mas não se preocupe, caro leitor e cara leitora, já estamos a pousar e por aqui está tudo bem.
Sempre sabe-se quando tudo está bem.

E vamos de poesia:

No reflexo da vidraça
Me despeço da carcaça
Quase que meio sem graça
Eu entrei no avião

Da janela do embarque
Vejo além daquele parque
Você quer que eu remarque
O meu rumo a solidão

Eu aqui com a minha calma
Vou lavando a minha alma
Levo a vida em minha palma
Desafogo o coração.

Até a próxima,
Graziela Barduco

Graziela Barduco