Olá queridos(as) leitores(as)!
Sejam novamente muito bem-vindos(as) à minha coluna mensal neste projeto lindo das Teodoras do Cordel, que tanto amo e que tanto alimenta a minha alma.

Esse conteúdo/poema que hoje compartilho com vocês, escrevi em 2018, depois de uma noite de insônia, mas daquelas insônias boas, de quando você viu ou descobriu algo que o encantou por demais.
Isso se deu após eu ter tido a oportunidade de assistir ao espetáculo solo de dança de uma amiga muito querida, a Maria Eugenia Tita, espetáculo este intitulado “Planta do Pé”, no qual ela faz um passeio por seu amplo repertório acerca das danças tradicionais brasileiras, porém com um olhar contemporâneo, fruto de sua pesquisa de anos nessa área.
Essa artista, filha de pais também artistas, consegue beber da fonte das manifestações culturais brasileiras, de modo a trazer para um novo contexto toda essa riqueza lá encontrada.
O poema que escrevi, inspirado pelo espetáculo e que na ocasião fiquei com vontade de utilizar em uma apresentação que precisaria fazer de um seminário acerca de minha trajetória enquanto artista e pesquisadora, como parte integrante do meu processo de pesquisa de mestrado, pensei em usar como uma espécie de “plano b”, caso eu por um acaso acabasse travando durante a apresentação convencional que eu havia preparado, dadas as circunstâncias de extremo nervosismo e tensão nas quais estava cada vez mais imergindo. Pensando assim, eu pelo menos ficaria mais sossegada para poder apresentar tudo com mais calma, ou melhor, com um pouquinho menos de nervosismo, rs…
Esse “plano B”/poema, resolvi simplesmente chamar de “Trajetória”, e funcionava inclusive como uma forma
mais lúdica de apresentação do passo a passo de minha pesquisa do mestrado. E é ele que apresento aqui para vocês, com muito carinho e com boas recordações do momento em que ele foi concebido:

 

Trajetória

Outrora tive dúvidas tão selvagens
Sentia o corpo jogado às margens
E a alma um tanto despercebida
Dor mais cruel de minha vida

Cavei um buraco um tanto fundo
Inverti e devastei todo meu mundo
Rabisquei meu diário favorito
Soterrei o que tinha de mais bonito

Eu tinha um sorriso curto
Eu falava tão mais livremente
E a amargura me provocava surto
E o corpo comunicava descrente

Então me vejo tão tímida agora
Eu não era assim, eu fui embora
Ao fugir da arrogância de certo olhar
Meu livre discurso estava a minguar

E me deparo com uma leveza que cura
Com a maravilha de uma alma pura
Mergulho profundo no céu encantado
Saltei do buraco que havia cavado

Meu discurso hoje é movimento
Meu saber está neste mais puro olhar
Trabalho a escuta do pensamento
Compartilho a essência do que é amar

Curtas palavras, longos sorrisos
É desta forma que quero propagar
A delicadeza sem tantos avisos
O ser de verdade e a verdade no estar.

 

Espero que tenham gostado.
Um abraço bem apertado e até o nosso próximo encontro.
Graziela Barduco.

Graziela Barduco