Estava acompanhando uma discussão acerca de um Congresso de Cordel que acontecerá na Casa de Rui Barbosa no Rio, ainda neste mês de novembro.
Achei magnífica a ideia de se ter um congresso sobre cordel, sendo este intitulado como o “I Congresso Brasileiro de Literatura de Cordel”, inclusive por ser sediado em uma casa que possui um dos mais importantes acervos de cordel do mundo e inclusive por ter artistas e pesquisadores, em sua grade de convidados que eu muito admiro.
No entanto, esta informação de que este congresso aconteceria, não chegou formalmente a muitos cordelistas, cantadores (as), xilogravadores(as) e pesquisadores do assunto, o que acabou causando muita estranheza e abrindo um ponto para debate em um grupo de discussão no WhatsApp sobre o Movimento do Cordel Brasileiro.
A pauta inicial para discussão neste grupo era a falta de um comunicado oficial a um maior número de cordelistas, cantadores (as), xilogravadores (as), editoras, coletivos de cordel, pesquisadores e afins, acerca de um evento de tamanha importância, realizado pela Fundação Casa de Rui Barbosa em parceria com a Secretaria de Formação, Livro e Leitura e Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.
Em um segundo momento, houve também um questionamento sobre a curadoria do evento, que, além de escolher os nomes que brilhantemente compõem a grade do evento porque são nomes que tem amplas pesquisas na área e um trabalho exímio a frente do campo cordelístico, outros nomes poderiam ser também agregados, visando a diversidade e inclusão num evento que promete ser o “I Congresso Brasileiro de Literatura de Cordel” (e aqui a ideia era agregar mulheres, indígenas, negros, deficientes, pessoas LGBTQIAPN+, etc).
Posto isso, durante a tentativa de debate, reflexão e diálogo com os responsáveis pela realização do evento para que tais pontos fossem olhados com mais cuidado na organização e divulgação de um evento de tamanha importância e necessidade, passei a me assustar com algumas (muitas) colocações.
Às vezes, as lutas se enfraquecem e se perdem, se dissolvendo ao vento, principalmente quando todas as pessoas estão do mesmo lado e por um mesmo ideal e insistem em achar que estão de lados opostos.
Muitas vezes as lutas se diluem porque algumas pessoas apenas querem intriga, jogar uns contra os outros, normalmente tentar rivalizar dois que estão pelos mesmos princípios, sem perceber que todos assim saem perdendo.
Neste grupo de WhatsApp eu sou praticamente invisível, uma ninguém, talvez porque eu seja uma “paulistinha idiota” que escreve Cordel e pergunta “que horas é a reunião” e a grande mestra que conduz o grupo não é capaz de responder.
Talvez porque ninguém saiba da minha luta e aos olhos do povo de lá eu seja uma “fraca” porque luto em coletivo e não sozinha.
Mas é que a minha avó me ensinou que a casa cheia de mulher “trabalhadeira” sempre anda nos conformes e que na hora da refeição todo mundo senta na mesa independente de quem seja você.
Hoje não participarei da reunião porque acredito que a luta daquele grupo de WhatsApp já se deturpou.
O mote? Já glosei. Quem quiser que leia. Já até publiquei!
Obrigada!

 

Graziela Barduco