Perceber a sutileza das crianças em suas inumeráveis formas de brincar é como deitar em um chão fofinho de areia e tentar contar as estrelas do céu numa noite sem nuvens. O brincar livre, algo tão natural para as crianças, infelizmente ao longo dos tempos tem sido um direito cada vez mais negado. Para alguns adultos, resta jogar a culpa às telas do “mundo moderno”. Mas, será mesmo, este o principal responsável? Já parou para pensar em qual momento do dia você se dedica a sua criança interior? Que ela está aí, pertinho de você, no centro do centro do seu coração e você simplesmente pode estar negando a existência dela? Como podemos pensar nas crianças que nos cercam, se nem ao menos temos consciência que a nossa criança interna implora por uma brincadeira livre? É fato, precisamos reaprender como se faz isso.
Como uma boa professora, mas acima de tudo, uma brincante na vida, Lu Vieira traz em seu cordel sextilhado, na obra “A Criança e o Brincar”, caminhos poéticos para atingirmos a singela meta que toda criança tem: brincar.
A autora apresenta com muita ludicidade, o passaporte para a liberdade que também rima com felicidade. Como ser leve e tornar o sofrimento breve. Como não protelar questões desnecessárias, ainda que haja rusgas no caminho a serem combatidas, mas também, como é possível rapidamente fazer as pazes, viver em comunhão. A não definir talento por gênero ou cor preferida. Como colocar vida nas situações, reconhecer o pensamento mágico e animista da criança e a interagir com ele. A infância está dentro de nós, ainda que na própria infância esse direito tenha sido negado, mas, as ressignificações são sempre possíveis porque a todo momento, a vida acontece. Para a criança, tudo tem alma. E tem mesmo! Basta emprestarmos ela para o que quer que seja.
O livro, “A Criança e o Brincar” nos leva para essa verdade. Para este encontro humano com tudo que temos direito, inclusive, com permissão para jorrarmos, o quanto quisermos, nossas “águas de choro”, esse termo tão fofo e poético criado e falado pela minha filhinha de três anos, Ester Luz, para descrever o que no cotidiano chamamos de lágrimas. Um viva a poesia das crianças, a infância e o brincar!
Visite o perfil da autora em @ler_mulher e conheça esta e outras obras de Lu Vieira.
Que emoção fazer a leitura de minha poesia através de seu olhar. Parabéns ❤️ pelo texto que transborda respeito a infância e seus encantos.