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01 abr

Multiartistas Autorais, com Direitos a Preservar

Poemas Musicais, Músicas Poéticas, Livros Dançantes e Cordéis Para Bailar:

 

Dia desses me aconteceu um fato curiosíssimo.
Um homem que não conheço e com quem nunca falei me enviou uma solicitação de amizade no Facebook, e juntamente a isso me enviou uma mensagem, dizendo que havia gostado muito de três poemas meus. Na sequência, ele me envia três áudios, com três músicas gravadas utilizando meus poemas como letra e fazendo arranjos em cima delas.
Eu dei uma super bugada, principalmente porque uma das poesias que ele mencionou e que transformou em sua música, de sua cabeça e sem minha autorização, coincidentemente já era letra de uma canção que gravei há um tempinho e que inclusive lancei nas plataformas digitais, incluindo o Spotify e seus afins.
A outra dizia assim: “Na mulher que aqui escreve”, e daí isso passou a ser dito na voz de um homem, com seu arranjo por debaixo.
E a outra ainda dizia assim: “Eu me banho, atrevida / Pra provar de meus pecados”, com outro arranjo, que na real era um dedilhar de violão, novamente na voz de um homem.
Isso tudo me soou muito bizarro.
Eu respondi a ele, lhe parabenizando pelo seu trabalho e explicando que minhas poesias eram protegidas por direitos autorais (assim como qualquer obra autoral), e que inclusive uma dessas que ele pegou para musicar, já era uma canção minha gravada (inclusive mandei a música via Spotify para ele).
Bem, ele simplesmente cancelou a solicitação de amizade, me enviou a palavra “parabéns” e sumiu.
Agora, eu fico me perguntando o que dá o direito às pessoas a tomar uma poesia para si, fazer um arranjo para ela e gravá-la, sem nem ao menos conhecer o (a) autor (a) do texto em poesia em questão, sem inclusive pedir autorização para este (a) autor (a).
Olha, se ele tivesse me proposto a parceria, eu lhe indicaria um poema que ainda não virou canção e lhe daria permissão (embora tenha achado estranho ouvir na voz dele). Porém, acredito que boa parte dessa estranheza foi porque me senti extremamente invadida com tudo isso que aconteceu.
Até porque não tenho problema nenhum com parcerias, inclusive a minha primeira música que foi gravada, gravei em parceria com um amigo e inclusive foi esse amigo quem fez o arranjo.
Hoje eu tenho gostado muito de fazer os arranjos para as minhas próprias músicas, mas eu acho super bacana também quando a letra é minha e o arranjo de outra pessoa, desde que isso seja um combinado, uma parceria.
Enfim…
A gente, enquanto artista autoral, quer mesmo que nosso trabalho atinja o máximo de pessoas possível, é uma honra quando pessoas que não nos conhecem apreciam nossa arte e se sentem de alguma forma tocadas por ela. Mas tenho para mim que fazer o uso daquilo que está público, achando que, porque está público a obra pode ser tomada para si sem que o autor (a) o autorize, é uma baita de uma falta de respeito, atrelada a invasão, pra não dizer que se qualifica inclusive enquanto crime.

Mas para que nesta pauta, a arte não seja motivo de pesar, bora de poesia, para mais uma vez a alma se libertar:

 

Outrora ao olhar por aquela janela
Perdi minha estrela, pra longe partiu
Passou por aqui e então sucumbiu
Fugindo da crença que ontem foi dela
No fundo do peito vi meu sentinela
Que agora pulsou sem querer descansar
Mudou seu compasso querendo parar
Na dor da esperança que então dissipou
Com gotas nos olhos assim nos deixou
Cantando galope na beira do mar.*

 

Um grande abraço,
Graziela Barduco.

 

* Informações adicionais:

Em seu livro – Cartilha do Cantador – o professor e escritor Aleixo Leite descreve da seguinte maneira o Galope à beira mar: foi uma criação do cantador José Pretinho, do Crato-CE, sendo aprimorado por João Siqueira Amorim e José Virgulino de Sousa (Mergulhão) – 1908-1939). Cadência em compasso ternário, e por três vezes seguidas, com o último em binário abreviado, dando a ideia de parada rápida do galope do cavalo. É composto por dez pés em hendecassílabo, obedecendo à rima da décima: ABBAACCDDC, terminando pelo refrão na beira do mar, ou nos dez de galope da beira do mar, ou cantando galope na beira do mar”.

(Fonte: site Cordel na Educação –  https://www.cordelnaeducacao.com.br/dicas-de-cordel/galope-a-beira-mar).

 

25 mar

Teodoras integra exposição de arte feminina em museu no litoral norte de São Paulo

Em busca de ampliar as ações de difusão e promoção da literatura de cordel feminina, o coletivo estadual Teodoras do Cordel dá um importante passo em sua trajetória: integrar circuitos de exposições de artes em museus do Estado.

A primeira exposição do grupo, acontece no Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC), na mostra “Mulheres Artistas? Mulheres Artistas!”, promovida pela Fundação Cultural e Educacional de Caraguatatuba (Fundacc) e que segue em cartaz até o dia 13 de abril. A ação, apresenta obras de mulheres de diversas frentes sociais e culturais, que têm em comum a arte como guia-mestra.

Na exposição, o coletivo Teodoras apresenta sua história e seu percurso de empoderamento na escrita feminina de cordel no Estado de São Paulo, com destaque para as obras literárias: “Justiça Violada” (editora cordelaria Castro), “Mulheres Negras que marcaram a história” (editora areia dourada), “Mulheres Indígenas que marcaram a história” (editora areia dourada) e “Pagu: Mulher Revolução” (editora cordelaria Castro).
Os cordéis autorais escritos pelas representantes do coletivo, também integram a exposição, junto a objetos que ajudam a fortalecer a simbologia imagética das obras apresentadas pelas mulheres cordelistas.

“É uma grande alegria para nós, mulheres cordelistas de São Paulo estarmos em um museu. Este grande marco para a história do coletivo encoraja nosso trabalho e fortalece nossa busca pelo enaltecimento do feminino, suas lutas e triunfos”, destaca Lu Veira, uma das membras-fundadoras do Teodoras do Cordel.

Na abertura da exposição, realizada no dia 8 de março, dia da mulher, a obra “Pagu: Mulher revolução” ganhou destaque em um lançamento que contou com a participação das mulheres que integram o núcleo do coletivo que se forma no litoral norte. Já a obra, “Mulheres Negras que Marcaram História”, recebeu do coletivo de mulheres caiçaras, Linhas do Mar, bordados das mulheres homenageadas no livro. Na oportunidade, elas ainda declamaram trechos da obra, mostrando os bordados que também integram a exposição.

Já no dia 30 de março, o evento “Sarau no Museu”, marcará a integração do núcleo Teodoras Capital com o núcleo litoral norte e também, um novo encontro do grupo, com o coletivo Linhas do Mar. O evento também tem como objetivo, levar ao público a oportunidade de participar de uma visita guiada na exposição “Mulheres Artistas”, dos quais, ambos os coletivos fazem parte, e ainda, prestigiarem no Sarau, poesias, cordéis e bordados com temáticas feministas sobre recomeços.

Além do coletivo Teodoras apresentando suas obras literárias feministas, também estão em cartaz no MACC, as artistas: Ana Pinheiro com telas em estilo naïf que destaca a subjetividade feminina; o coletivo Linhas do Mar que expressa através dos bordados, a importância da luta pelos direitos coletivos; Alice Dolfini, mulher trans que transforma em arte objetos de descarte; Sara Belz e suas telas cheias de cores e encantamento e Vera Lavor, autora de esculturas em argila e cerâmica.

A exposição também relembra a geometria cubista da saudosa Edna Lins (in memorian) e a diversidade das cores da natureza e a luminosidade do sentimento de ser caiçara de Sandra Mendes (in memorian).

O MACC está localizado na Praça Dr. Cândido Motta, 72, no centro de Caraguatatuba. A visitação é de terça a sábado, das 10h às 18h.

23 mar

Uma bebê e o seu despertar poético

Dia desses, embalando minha menina mais nova em seu momento de soninho, coloquei uma das canções preferidas dela,
“Voo do beija-flor”, da cantora Elisa Cristal. Ouvi esta música em todas as minhas gestações e sempre me fez muito bem. Segui com o hábito, principalmente na hora de colocar as crianças para dormir. Percebi que na minha filha mais nova, Clarice, a canção tocou em um lugar muito especial.

Com seus dois aninhos de vida, recém completados, deitada em meu colo e acariciando meu rosto, unidas e entrelaçadas de amor, cantamos juntas o refrão: – Beija-flor, me leva. Beija-flor, desperta em mim…
No geral, a composição enaltece o amor, todos os seus mistérios mais profundos e tudo o que ele é capaz de despertar em nós. A música nos leva para uma outra dimensão. E agarrada ao cangote da filhote então, virou um momento imortal. Daqueles da gente lembrar nos últimos minutos da vida.

Em um dado momento, tudo foi ainda mais mágico. Percebi que, enquanto ela cantava a canção, lágrimas vieram aos seus olhos. Mas não eram lágrimas de choramingo. A impressão que deu, foi de ela ter se emocionado mesmo! E essa mesma emoção acontecia sempre na parte do refrão.

Deixei tudo transcorrer naturalmente durante toda a música. Ao final, abracei-a ainda mais forte e disse: – Isso que você está sentindo é poesia meu amor! Que ela te acompanhe para todo o sempre e te faça perceber o quanto o mundo é grande e ele cabe em seu coração. Basta você deixar que a poesia lhe toque, independente da circunstância.  Um sorriso e um longo abraço: eis minha valiosa resposta!

Minha amada passarinha
Que o poder da poesia
Adentre em seu coração
Irradiando a alegria
Neste grande, vasto mundo
Provando que o amor profundo
É a maior sabedoria!

– Te amo sempre e para sempre! Sua mãe: Dani Almeida

13 mar

Cordel Feminino no Museu

Olá amores e amoras!
Março chegou trazendo inspiração e força para seguirmos demarcando nossos espaços, pois:

“O triunfo feminino
É raro e questionado
Quando assume liderança
Tem o posto contestado
Por ameaçar o poder
Deste tal patriarcado.”

Vamos celebrar a grandiosa conquista do Coletivo Teodoras do Cordel-artevistas SP, que terá suas obras expostas no Macc – Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba, na exposição “Mulheres-Artistas? Mulheres! Artistas!”. As obras expostas são de mulheres advindas de diversas frentes sociais e culturais. Além do Coletivo Teodoras, contará também com os trabalhos de Ana Pinheiro, Alice Dolfini, os coletivos Linhas do Mar e também da Sara Belz com ‘Corpo e Alma’, o público vai poder conhecer ou relembrar as obras de Sandra Mendes e Edna Lins (in memorian).

A exposição coletiva “Mulheres-Artistas Mulheres! Artistas!”, foi pensado pela Prefeitura de Caraguatatuba por meio da Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba como celebração pelo Dia das Mulheres.

Estão em exposição no MACC, as obras das Teodoras, publicadas coletivamente como “ Justiça Violada”, “Mulheres Negras que marcaram a história” e “Mulheres Indígenas que marcaram a história”, na exposição o coletivo apresentará um pouco de sua história e seu percurso de empoderamento da escrita feminina em cordel, no estado de São Paulo, expondo também obras escritas por representantes do Coletivo.

Este grande marco para a história do coletivo encoraja nosso trabalho e fortalece nossa busca pelo enaltecimento do feminino, suas lutas e triunfos.

Me disperso, convidando todos a visitarem a exposição e alertando sobre a importância social de apoiar as lutas em prol das vidas de mulheres.

“Feminismo representa
Uma luta social
Por conquista de direitos
E uma sociedade igual
Onde a mulher seja vista
Como um ser racional. ”

Com carinho,
Lu Vieira

Serviço:
Data da exposição: dia 08/03 até 13/04
Local: MACC -Praça Dr. Cândido Motta, 72 – Centro. A visitação é de terça a sábado, das 10h às 18h. A entrada é gratuita.

06 mar

Sobre estar em coletivos onde algumas pessoas não fazem ideia do que é coletividade.

Completando o título: “ou fingem não fazer ideia”.

E começo o texto indo direto ao ponto, até porque fazer rodeio é coisa deste tipo sobre o qual hoje venho falar.
Alerto também para o fato de que esta é a forma como penso “coletividade” e confesso que posso estar redondamente errada.
Pois bem. Quando você decide fazer parte de um coletivo, ao meu ver, a primeira coisa que você deveria saber é que seu pensamento individual não deve ser mais importante do que o pensamento em grupo.
Desta forma, o que deve prevalecer neste contexto, é aquilo que melhor vai atender e beneficiar o grupo e não a si próprio.
Parece algo óbvio, mas não é. Principalmente quando a essência do ser humano é a natureza egoísta. Infelizmente.
Dito isto, se você não tem uma predisposição para abdicar de algumas coisas em prol de uma maioria, por que diabos você decide fazer parte de uma coletividade?
Vou além. Se você guarda informações diversas que poderiam beneficiar a coletividade e usa todas elas somente para si, sem compartilhá-las com o grupo, por que demônios resolveu fazer parte de uma coletividade?
Ou ainda. Se você faz sempre questão de ser visto (a) como presente na coletividade, mas quando alguém precisa verdadeiramente de sua pessoa, você se finge de morto (a), se fechando em um profundo silêncio e sumindo num piscar de olhos, por que carambolas você insiste em fazer parte da coletividade?
Ademais, uma coisa eu digo. Se você simula fazer parte de uma coletividade para colher as informações desta coletividade e simplesmente se utilizar delas para fins próprios, sem realmente contribuir para com a coletividade, eu tenho um nome para isto: mau-caratismo.

E bora de poesia, para este tipo exorcizar?

Ao tentar desafogar
Tanta coisa de minh’alma
Sempre sem perder a calma
Procurei dialogar
Tanta coisa pra falar
Fui profunda e me abri
Contei tudo o que senti
Fui na busca do diálogo
Ao buscar por um análogo
Num monólogo caí.

Ao tentar ser agradável
Neste lodo me meti
E te juro, me perdi
Quase sempre tão instável
Num destino inexorável
Sufoquei, pedi socorro
Me esvaí e quase escorro
Ao doar-me pr’outro alguém
Minha alma, vai e vem
Desta forma, quase morro.

Um abraço,
Graziela Barduco.

Fotografia em destaque: Carlos Antônio Batista

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18 fev

Sobre Crenças e Afins

Eu tenho essa mania doida de SEMPRE responder a todos: “tudo bem sim, graças a Deus” e isso é tão, mas TÃO automático, e algo “bizarramente” incontrolável, pois acho que um simples “tudo” ou “tudo sim” soa um tanto frio, beirando a falta de simpatia a uma pergunta que, teoricamente, demonstra, no mínimo, algum ensejo de preocupação para comigo.
Enfim, o fato é que eu, já há algum tempo, não acredito em Deus, e se por ventura ele existir, ou melhor, Ele, como dizem os “tementes” a ELE (está aí um adjetivo que fez eu começar por não mais simpatizar por situações e discussões deste tipo), não está nem aí para a minha pessoa, de modo que eu tentar invocá-lo, fazer pedidos, preces, rezas e afins, para mim, não surte efeito algum, ou melhor, são palavras ditas ao vento.
Desta forma, ao invés de orar, optei por escrever poesia que, ao meu ver, seria algo que em mim surte um efeito mais positivo, além de acabar gerando situações mais produtivas.
Lembrando que esta é a MINHA visão pessoal da coisa em si e não uma verdade absoluta, bem como não procuro convencer ninguém de meu ponto de vista, nem busco ser convencida também pelo ponto de vista de ninguém.

Não creio que a questão seja falta de fé, pois tenho fé nas situações, fé nas pessoas (algumas, BEM poucas na realidade), só não tenho fé em Deus.
Se Ele existir, nunca me ouviu. Tudo que eu pedi, nunca aconteceu e quando finalmente desisti de tentar falar com Ele, é que as coisas passaram a acontecer. E certamente não por Ele, mas pelo próprio curso das coisas em si.

A questão é que eu simplesmente não tenho essas fantasias de que alguma força sobre-humana vai me ajudar. Eu simplesmente me levanto da cadeira e vou à luta, e sinceramente acho que é desse jeito que deve ser. Pelo menos para mim.
Mas respeito MUITO, do fundo do coração, quem pensa diferente.

E com esse pensamento de que somos livres para acreditar naquilo que desejarmos, seguem estes versinhos:

Minha fé já não é mistério
Não tem segredo, não tem critério
Da dor que vinha e que supero
Não sei se fico, não sei se espero

Com a brisa passando no rosto
Não tem tristeza, não tem desgosto
É carinho que chega e que fica
Bate na alma, corporifica.

Um abraço,
Graziela Barduco.

16 fev

Carnaval com diversidade é pra quem?

Faz tempo que não apareço por aqui… muitas demandas, principalmente da finalização do meu doutorado, então estou dedicada a isso, rsrs… Mas essa semana fiz uma publicação em meu Instagram @mariaclarapsoa e minha colegas do coletivo Teodoras me incentivaram a elaborar mais aqui na coluna, uma grande ideia visto que o tema sobre maternidade, mulheres, crianças e carnaval tem tudo a ver com a gente.

Pois bem… Esse foi o primeiro carnaval (2024) que de fato curtimos com nossa filha em bloco de rua! Carnaval pra mim é tradição e de ótimas recordações. Desde sempre lembro de pular carnaval com meus pais e meus irmãos, e até hoje é costume nosso, além de passar para nossos filhos, sobrinhos a magia do carnaval.

Bloco dos Cão na Praia da Redinha em Natal-RN Ano 2002, eu sou a menor do meio com 8 anos

Carnaval é espaço de convivência, é aglomerado, mas também calmaria, ao mesmo tempo que tem bagunça, organiza nossos desejos e anseios, nos torna alguém que nos escondemos durante todo ano, nos permite ser quem somos, isso acalma nossa mente e coração.

Depois que tive filha o ritmo diminuiu muito! Ano passado pulamos um dia sem ela, e outro com ela em um bloco infantil, mas sem muita aglomeração. Esse ano nos propomos a nos aventurar, a ir pra rua mesmo, para ela conhecer o que é carnaval, mas também para curtimos, ela já entende muita coisa e está mais resistente ao cansaço. Fomos… escolhemos dois dias pra pular, domingo e terça, obviamente não conseguiríamos seguir o mesmo ritmo de antes mas foram dois dias bem alegres e Elis gostou muito, inclusive já falou que ir no carnaval de novo. rs…

No primeiro dia fomos ao bloco Samba Rock e Serpentina, concentração em frente ao bar da dona Tati, uma delicia de bloco, com bastante criança e livre para circulação ao caminhar nas ruas da Barra Funda! Próximo ano estaremos lá novamente…Em seguida no Bloco do Ilu Oba de Min, bem cheio, mas acolhedor para as famílias, tinha um espaço do cordão só para pais e crianças poderem curtir com tranquilidade.

Mas o que me indignou e me fez escrever esse texto é a diversidade do carnaval e infelizmente nem todos os espaços respeitam essa diversidade. Um espaço/evento que tem como proposta agregar, acolher, se juntar, diversificar, tem blocos que carregam só no nome essas palavras, mas a prática deixa a desejar.

Existem mães e pais que querem pular carnaval, e os blocos precisam pensar nessa condição. Fiquei bem decepcionada com o Bloco Pagu, o qual nos organizamos pra ir principalmente pelo seu significado, carregando o nome de Patrícia Galvão, grande mulher na história brasileira, e músicas de Rita Lee uma potência de mulher no Brasil. Inclusive recentemente as Teodoras escreveram uma obra em cordel riquíssima que fala de “Pagu: mulher revolução.” Contamos de toda sua trajetória de vida, seu caminho revolucionário, a primeira mulher presa na ditadura. Sim… fez história!

O bloco Pagu é bem estruturado, com bastantes seguidores e foliões. Banda maravilhosa, mulheres que passam firmeza no batuque e na voz, mas infelizmente não tem espaço para mulheres mães, um bloco que prega o feminismo, não acolhe nossas crianças. Não foi só uma pessoa da organização, foram várias que abordei para poder passar para o lado de dentro da corda enquanto o bloco se apresentava, como eu disse, estava bem cheio.

Vale ressaltar que a parte interna da corda estava muito vazia e bastante espaçosa, mas ouvi da produção “se formos deixar todas as mães com crianças entrarem?” Oxi, com a pouca quantidade de crianças que tinha, daria bem menos de gente que tinha dentro da corda. E ainda assim, pq não? Tinha muito espaço, além de nos sentirmos mais seguras. Depois fui em outra organizadora que tinha algumas pulseiras na mão, pois alguém tinha dito que só podia com pulseira, pois bem, ela disse que não podia fazer nada! Enfim, minha indignação é que o bloco que carrega o nome de uma mulher que tanto nos defendeu pode fechar os olhos e não fazer nada ao acolher pais e crianças? Nesse mesmo bloco encontramos algumas amigas, além do publico, foram super acolhedores, inclusive muitas pessoas vinham nos abordar pra pedir pra produção deixarmos entrar no cordão, não fomos só nós que nos iludimos…

Saímos do Pagu e fomos no bloco Agora Vai, outro espaço acolhedor. Elis dormiu no nosso colo, pulamos dentro da corda, além dos organizadores virem perguntar se precisávamos de alguma coisa. Um bloco com bem menos estrutura e tamanho que o de Pagu, sem mega produção e um espaço muito menor do cordão. De fato mostrou que inclui as diversidades do carnaval!

Nós três descendo no Metrô Santa Cecilia para pegar o Bloco Agora Vai (terça de carnaval 2024)

Enfim, essa é a diferença. Queria apenas fazer esse registro pra dizer: pais e crianças também curtem carnaval e é lugar de criança sim! Não podemos levantar só a bandeira, é preciso agir, feminismo sem olhar pra nossas crianças é só discurso…

13 fev

Cordel e Folia

Cordel e Folia

Olá Amores e Amoras!

Tem folia no Cordel?
Tem sim, senhor!

O cordel tem muitas facetas a oferecer, pois reúne o poder da literatura popular, a ludicidade dos contos de fadas e a musicalidade da poesia. Na poesia escrita para as crianças, a temática que envolve animais é recorrente na história do cordel. E seguindo essa tradição apresento-lhes duas histórias, a fábula “O Pavão vaidoso” e conto de fadas “ Branquinha a cabrinha encantada”.
Histórias escritas pelas Cordelistas Edimaria e Daniela Almeida que uniram sua escrita e amor pelo carnaval- sinônimo de alegria, festa feita pelo povo e para o povo. As escritoras usaram seus conhecimentos, cultura e toda riqueza do carnaval para criar seus cordéis.
Edimaria em sua caixinha pocket Cordel, escreveu a fábula carnavalesca “O pavão Vaidoso”, uma história que defende os direitos dos animais. Fala de vaidade, de amor não correspondido e do carnaval através da magia da fábula, gênero que encanta e transmite uma moral. O contato com fábulas é importante para os jovens leitores, visto que o gênero oferece aos leitores momentos de reflexão.

‘Aqui nesta história
O pavão não é sagrado
É um bicho de beleza
Porém muito massacrado
Pela maldade humana
Ele é até maltratado. ’ (Edimaria)

No cordel “Branquinha a cabrinha encantada” de Daniela Almeida, ambientada no período carnavalesco, discorre sobre uma Cabrinha que foi enfeitiçada por uma Bruxa em um bloco de carnaval.

Muito alvinha e cabeluda
Tem o olho arregalado
É esperta e orelhuda
O seu nome é Branquinha
Gênio forte, cabeçuda.

Adora um carnaval
Dançar frevo na folia
Pula, brinca lá nos blocos
Até o raiar do dia
Na festa do rei momo
Nunca perde a energia. (Daniela almeida)

Ao fazer a leitura desta belezura de obra você irá se aventurar com a protagonista ‘Branquinha’ em uma grande aventura, com direito a bruxas, feitiços, lágrimas, heroísmo e um final maravilhoso. Ingredientes que não podem faltar a uma boa história para o público infantil. Leitores que se encantam com histórias bem escritas, com personagens fortes, muita inventividade, musicalidade e adoram solucionar conflitos através do poder da magia e da bondade.
As crianças precisam ter acesso a leitura de cordéis, gênero que tem tradição em considerar os interesses da infância em suas obras.
Portanto amores e amoras, leiam cordéis para as crianças e descubram juntos o poder da brasilidade cordeleana. Pois infância é:
‘Berço da ludicidade
Encanto e conhecimento,
Infância é sapiência
Necessita entendimento
Pra reinventar o mundo
Com belezura e talento. ’ (Lu Vieira)

Para adquirir as obras indicadas sigam:
@edimariacordelista- O Pavão vaidoso
@danialmeidacordel – Branquinha a cabrinha encantada

Até breve, com mais indicações para vocês!

Lu Vieira

07 fev

Chamado à aventura do movimento

Em “um passeio no mundo livre”, inspirada nos versos do saudoso Chico Science, convoco a reflexão do MOVIMENTO, afinal, “basta um passo à frente para não estamos mais no mesmo lugar”, não é mesmo?

A impermanência da vida, naturalmente nos convida para NOVOS PASSOS, mas a pergunta que não quer calar é: quanto tempo somos capazes de protelar tal chamamento? A permanência em caminhos já conhecidos parece tão confortável! E mesmo quando não é, tem momentos que, aquilo que chamamos de CORAGEM, parece mais ter sido abduzida da gente por um disco voador. E aí? Sair do sossego ou aceitar o chamado à aventura? Ou vice-versa?

Na obra “Sissi, A Maria Farinha”, a escritora Edimaria utiliza da linguagem do cordel e da contação de histórias para apresentar as peripécias de um crustáceo que já não aguentava mais viver no sossego de uma praia linda e calma. O crustáceo em questão, é uma Maria Farinha, um tipo de caranguejo de carapaça quadrada e de coloração branco- amarelada. Sisi, como é chamada no livro, aventurou-se em novos mares. Saiu da sua linda morada em Pernambuco e resolveu explorar novos mundos. Para sua surpresa, foi parar em cima do asfalto, na ladeira Porto Geral, em São Paulo. Tentando fugir do tanto de gente que quase a pisoteava, ela foi parar numa boca de lobo que a levou direto para o Rio Tietê.

Eita que mundo estranho e esquisito! Mas, em quantos momentos não nos sentimos assim, deslocadas, igual a Sissi?

Nesta obra lúdica, poética e inteligente, podemos mergulhar junto com a personagem principal, para dentro de nós mesmos. É possível perceber, o quanto os nossos movimentos podem revelar conhecimentos que não teríamos a noção da existência se não tivéssemos saído do canto.

Como música boa de ouvir, e que tão bem são apresentadas por Edimaria (que além de ser escritora, cordelista e poetisa, é cantora), é preciso sentir os acordes, os ritmos e os tons. Ser feliz é a busca óbvia que obviamente não durará para sempre, mas sempre, pelo tempo que nos couber SER até o próximo chamado à aventura do movimento.

Visite o perfil EdiMaria Cordelista no Instagram e conheça esta e outras obras da autora.

31 jan

Um olhar animista para a infância que há em nós

Perceber a sutileza das crianças em suas inumeráveis formas de brincar é como deitar em um chão fofinho de areia e tentar contar as estrelas do céu numa noite sem nuvens. O brincar livre, algo tão natural para as crianças, infelizmente ao longo dos tempos tem sido um direito cada vez mais negado. Para alguns adultos, resta jogar a culpa às telas do “mundo moderno”. Mas, será mesmo, este o principal responsável? Já parou para pensar em qual momento do dia você se dedica a sua criança interior? Que ela está aí, pertinho de você, no centro do centro do seu coração e você simplesmente pode estar negando a existência dela? Como podemos pensar nas crianças que nos cercam, se nem ao menos temos consciência que a nossa criança interna implora por uma brincadeira livre? É fato, precisamos reaprender como se faz isso.

Como uma boa professora, mas acima de tudo, uma brincante na vida, Lu Vieira traz em seu cordel sextilhado, na obra “A Criança e o Brincar”, caminhos poéticos para atingirmos a singela meta que toda criança tem: brincar.

A autora apresenta com muita ludicidade, o passaporte para a liberdade que também rima com felicidade. Como ser leve e tornar o sofrimento breve. Como não protelar questões desnecessárias, ainda que haja rusgas no caminho a serem combatidas, mas também, como é possível rapidamente fazer as pazes, viver em comunhão. A não definir talento por gênero ou cor preferida. Como colocar vida nas situações, reconhecer o pensamento mágico e animista da criança e a interagir com ele. A infância está dentro de nós, ainda que na própria infância esse direito tenha sido negado, mas, as ressignificações são sempre possíveis porque a todo momento, a vida acontece. Para a criança, tudo tem alma. E tem mesmo! Basta emprestarmos ela para o que quer que seja.

O livro, “A Criança e o Brincar” nos leva para essa verdade. Para este encontro humano com tudo que temos direito, inclusive, com permissão para jorrarmos, o quanto quisermos, nossas “águas de choro”, esse termo tão fofo e poético criado e falado pela minha filhinha de três anos, Ester Luz, para descrever o que no cotidiano chamamos de lágrimas. Um viva a poesia das crianças, a infância e o brincar!

Visite o perfil da autora em @ler_mulher e conheça esta e outras obras de Lu Vieira.

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