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02 abr

O Comportamento do “Homem Carente” – produto do machismo estrutural

Olá queridos leitores e queridas leitoras!

Meu artigo desse mês chega ainda na esteira do machismo, em meio a tantas denúncias de importunações sexuais, abusos e afins que continuam surgindo frequentemente e que nos chegaram em baldes e mais baldes em pleno mês da mulher.
Hoje volto aqui em minha coluna para falar de um tipo muito específico de homem, que na maioria das vezes nem chega a praticar esses abusos que vem sendo denunciados, mas que agem de uma forma que nos constrangem demais.
Eu falo de “homens carentes” (inseguros e problemáticos ou simplesmente egocêntricos e narcisistas?), que além de darem em cima de todas as mulheres que agradam o seu gosto, que com o passar do tempo vai ficando cada vez mais apurado (ainda que seus quesitos e dotes próprios não correspondam em nada a este padrão elevado exigido por eles nas mulheres, muito pelo contrário, pasmem!), ainda acham que quando alguma mulher os trata com atenção, educação ou simpatia, ela está lhes dando mole, ou pior, quando alguma mulher que simplesmente está fazendo o seu trabalho (como atendentes, garçonetes e afins) que está lhes tratando bem, muitas vezes por obrigação, está lhes dando mole.
Se você homem, leu a descrição e se identificou em alguma dessas situações, é a sua chance de refletir e talvez parar de agir dessa forma com mulheres que você percebe que se sentem incomodadas com tal interação.
Se você é mulher e já passou por alguma dessas situações descritas acima e não se sentiu bem, sinta-se aqui acolhida e compreendida.
Bem, tudo isso faz parte do grotesco machismo estrutural no qual estamos imersos (as). O artigo funciona como uma forma de desabafo/desafogo, mas a esperança de que isso mude está muito aquém da realidade onde posso me encontrar.

E vamos de poesia, essa em específico retirada da nossa primeira obra coletiva, o “Justiça  Violada”, do nosso coletivo Teodoras do Cordel, poema feito por mim para Mari Ferrer, que acredito eu, dispensa apresentações:

A tristeza é desmedida
Ao pensar na situação
Dói no peito, a ferida
Desespero e opressão
Ao pensar que em nossa vida
O respeito é exceção

Mariana é humilhada
A violência só se arrasta
Sua vida é estraçalhada
Minha alma aqui desgasta
Ao gritar, desesperada
Desejando dar um basta.

Um abraço e até a próxima,
Graziela Barduco.

17 mar

Rainhas do Cordel: Biblioteca Menotti Del Picchia recebe cordelistas do Teodoras do Cordel

No último dia 17 de março de 2023, o cordel e a escrita feminina foram temas da roda de conversa promovida pela biblioteca Biblioteca Menotti Del Picchia, localizada no bairro do Limão, na capital e contou com coletivo Teodoras do Cordel como convidado.

A atividade aberta ao público, contou com a participação de diversas profissionais da área da educação que puderam se aprofundar mais no universo cordeliano e bater um papo descontraído com as Teodoras: Lu Vieira, Maria Clara Psoa, Maria Rosa e Graziela Barduco.

Confira as fotos da ação:

05 mar

Desabafo sobre o machismo: machos reclamantes

Olá, pessoal! Como estão?
Retomo minhas atividades por aqui, em minha coluna mensal no portal das Teodoras do Cordel em pleno mês dedicado às mulheres e gostaria de falar mais uma vez acerca de um assunto que precisa ser discutido exaustivamente: o machismo, já que não importa quantas vezes a gente fale dele, ele está sempre a milhas e milhas de distância de se esgotar.
É um dado concreto que em 2022, 35 mulheres foram agredidas por minuto aqui no Brasil. Assim como em 2021, a cada 10 minutos 1 mulher foi estuprada, a cada 7 horas houve 1 feminicídio e no primeiro semestre de 2022, 699 mulheres foram mortas no Brasil.
E além dessa realidade pra lá de desumana, incrédula, hipócrita e desoladora com a qual somos obrigadas a conviver dia a dia, sabe o que mais tem me assombrado e intrigado atualmente? Homens reclamando que são mal compreendidos, pouco considerados e altamente “prejudicados” porque não se consideram machistas e estão sendo colocados no mesmo balaio dos machistas pelas “feministas malvadas que são muito cruéis ao defenderem seus direitos e afins”.
Ora, façam me o favor! Olhem para os dados da realidade e me digam se eu tenho tempo de pegar na sua mão e te agradecer de coração por você dizer que faz o mínimo que um ser humano decente deve fazer, ao invés de ir à luta para tentar impedir que milhares de mulheres morram, sejam agredidas, violentadas a cada minuto que passa no meu reloginho? Me poupem!
Eu poderia ficar aqui explanando horas e horas sobre as atitudes machistas incutidas no nosso dia a dia e reproduzidas por anos a fio tanto por homens quanto por mulheres sem muitas vezes nem perceber, mas vou optar por terminar o artigo com leveza, apresentando-lhes um de meus poemas:

Na tristeza destemida
Sem saber o que fazer
Eu perdi quase uma vida
Pra tentar me entender
E no peito uma batida
Nesta luta que é viver

Olho o longe, tão distante
Sem saber como agir
Desespero ofuscante
Sem lugar para fugir
E me perco neste instante
Deixo a alma sem dormir

O cansaço vem nefasto
Destroçando o meu respiro
Vem pisar no tempo gasto
No momento em que me viro
Pois caí no mundo vasto
Ao sair do meu retiro

E da onda tão sonora
Que ouvi na solidão
Quando a alma foi embora
Só sobrou o coração
Que não pulsa como outrora
Mas negou a escuridão.

Um abraço!
Sigamos forte na luta,
Graziela Barduco.

28 fev

Mulherada do Teodoras realiza primeira reunião de 2023

Depois de um merecido período de recesso, foi hora da mulherada do coletivo se reencontrar para relembrar o ano  vitorioso de 2022, e todas as ações e eventos de fortalecimento do cordel feminino realizado pelo Teodoras. Cordelistas de várias cidades do Estado participaram do encontro. A reunião também pautou sobre os próximos passos do grupo e também sobre a criação das comissões de trabalho, a fim de agilizar as demandas das integrantes executivas.

01 dez

Pertencimento

Olá queridos leitores e queridas leitoras!

Depois de um período de intensas crises de pânico e ansiedade, bravamente contornadas nos últimos dias para conseguir dar conta de toda a agenda e cronograma de trabalho, retorno para casa com calma, depois de intensas vivências em Paraty, na FLIP, e começo com mais uma nova medicação, devido a sequela de uma invasão hacker que sofri no mês passado em minhas redes sociais, atrelada a alguns outros problemas pelos quais venho passando, os quais têm me deixado num estado de intenso sofrimento.
Olhando para minha trajetória de vida, eu chego a conclusão de que sempre fui muito, mas muito diferente de tudo, de todos, sempre fui meio estranha e minha lógica de pensamento sempre foi muito diferente, bem como sempre tive muita dificuldade de seguir padrões, de me encaixar, de me inserir, de me manter em algum determinado grupo ou local.
Hoje vejo que finalmente encontrei no universo do cordel um mundo no qual finalmente posso ser eu mesma, pelo qual me sinto totalmente acolhida e pertencente. Hoje sinto que o cordel é minha casa e as pessoas do cordel são parte da minha família. Ademais, mesmo com todas as minhas inseguranças, fragilidades, extrema sensibilidade e minhas crises, venho tentando levar a vida com leveza e bom humor, embora às vezes pareça tudo muito difícil, complicado e impossível.
Creio que meu maior desejo é que eu consiga manter essa energia de nunca parar de lutar. No mais, que eu aprenda também, de uma vez por todas, a lidar com a frieza e o desdém do outro, que tanto me machucam, que eu entenda que nada do outro eu deva esperar e que eu sempre possa me orgulhar de como sou, e de todo amor e cuidado que trago comigo, e que faço questão de aos outros despender, sem esperar nada em troca. E sobretudo, que eu não deixe nunca, nunquinha, nada mais dessa vida me machucar. Viva o cordel! Viva a cultura popular brasileira!

Novas Cirandas

Eu pensei neste momento
De profunda intensidade
Já com o peso da idade
Resvalando meu tormento
Levantei o acampamento
E parti pra outras bandas
Pra buscar novas demandas
E suprir tanto vazio
Eu me perco no desvio
Só pra achar novas cirandas.

Um grande abraço, com muito carinho a todos,
Graziela Barduco.

28 nov

Feira Literária Internacional de Paraty recebe Teodoras do Cordel

A convite do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o coletivo feminino Teodoras do Cordel Artevistas SP integrou a comitiva paulista de cordelistas e aportou na Feira Literária mais famosa do Brasil, a FLIP.

O cordel, reconhecido em 2018 como Patrimônio Cultural Imaterial, fez parte da programação durante os cinco dias de evento. As atividades aconteceram na Casa Cordel (sede administrativa do IPHAN/RJ) e contou com uma programação diversificada, tendo o cordel feminino como destaque em vários momentos, com a participação das integrantes em diversas mesas de debates, rodas de conversa, performances e lançamentos de livros.

27 nov

Coletivo lança na FLIP nova coletânea em homenagem as mulheres indígenas

O lançamento da terceira obra coletiva do Teodoras, ‘Mulheres Indígenas que Marcaram a História’ (2023 – editora Areia Dourada), durante a FLIP 2022, foi simplesmente incrível. A obra, homenageia 10 mulheres indígenas e brasileiras símbolos de força e resistência. Na oportunidade, o grupo declamou as estrofes do livro revelando de forma performática e respeitosa, toda honra a história de cada mulher guerreira homenageada pelas cordelistas, numa junção de forças simbólicas, cheias de encanto e poder, tal como o encanto dos rios, da terra, do fogo e do ar que respiramos.

Confira as fotos do lançamento na FLIP:

08 nov

Representatividade Negra no Cordel

 

           Olá leitores e leitoras,

Novembro chega evocando o chamado para reverenciarmos nossa ancestralidade negra, renovarmos nossas forças pela luta antirracista, por mais políticas inclusivas, por mais acesso a emprego, educação e vida.

E principalmente para reverenciar Dandara, Zumbi e todas as lideranças negras brasileiras, que militaram pela liberdade.

Sabendo que a literatura é um espaço de luta e de demarcação de espaços, trago-lhes hoje essa indicação. O cordel “Mulheres Negras que marcaram a história” é uma obra coletiva, escrita com imenso respeito e que busca de forma carinhosa celebrar a vida e obra de Mulheres que são para as escritoras fontes de inspiração.

O Coletivo  Teodoras do Cordel -artevistas SP, tem como propósito apresentar ao público leitor, através da escrita, trajetórias femininas que foram invisibilizadas ao longo da história pela cultura machista, racista e excludente.

Foi com esse lema que 16 Cordelistas versejaram sobre a vida de Mulheres Negras, mostrando sua representatividade para sociedade brasileira.

Nesse humilde versejar

Com firmeza e inteligência,

Mostrando a sociedade

A grandeza e a potência,

De muitas mulheres negras

Que o Brasil negou essência

 

Nesses versos de Cordel

Queremos apresentar,

As Mulheres brasileiras

Que o mundo tentou calar,

Mas a força feminina

Sempre irá se revelar

Espero que gostem da indicação e que todos e todas inspirem-se com as representatividades negras eternizadas em nossa escrita.

Boa Leitura

Lu Vieira

06 nov

Dia do Cordelista

Olá queridos leitores e queridas leitoras!

Hoje quero falar sobre a temática principal pela qual estou inserida neste coletivo tão forte e valoroso que hoje considero minha família e no qual faço, com muito amor, minha mais linda morada: no dia 19 de Novembro é comemorado o Dia do Cordelista!

Ser cordelista, mais do que desenvolver e honrar um ofício, para além de respeitar as tradições e todo um jeitinho próprio de brincar, e trabalhar as palavras, é atender um chamado. É embarcar num sonho de poder bailar pela arte das palavras que precisam de um jeito próprio para serem ajuntadas a fim de se contar uma história.

É ser tocada e deixar-se tocar pela mais sublime arte da palavra rimada, ritmada e metrificada. É trabalho sério com leveza e engajamento de alma. É amor eterno e compromisso pra toda uma vida. É a gostosura de ser, a complementariedade do fazer e a plenitude do estar.

E vamos de décima, formato tão utilizado pelos cordelistas queridos que conheci nesta caminhada e que tanto me ensinaram e continuam a me ensinar:

Eu dizia o indizível
Quando quis desafogar
E parti para buscar
Um lugar menos sofrível
Onde a paz fosse acessível
Querendo me recompor
E curar-me deste ardor
Procurar seguir em frente
Com o peito resistente
Esqueci-me então da dor.

Um abraço bem apertado,
Graziela Barduco.

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